"E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um." (Marcos 4:20)
O Pai ama o Filho
Nada torna o Pai Celestial mais real para os cristãos do que o Seu amor pelo Filho. É um amor Divino. Contudo, ele faz com que o Pai nos pareça quase humano. O amor do Filho de Deus pelo Seu Pai também é simplesmente maravilhoso. Toda a grandiosa história da Redenção na Bíblia aconteceu com um Pai e Seu Filho numa jornada de amor, a fim de conduzir a desviada família humana de volta à Casa do Pai.
O amor de Deus pelo Seu Filho Unigênito torna o Cristianismo uma religião concebida pelo amor, com estas palavras de eloquente esplendor: “O qual [Cristo], sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). O Pai e o Filho são de tal modo entrelaçados na semelhança que os indoutos espirituais tem tentado destruir a diferença entre Eles [Unitarismo]. O amor de Um pelo Outro seria um engano se, de fato, Eles não fossem Dois em Um, conforme a revelação.
O Livro de João é o único Evangelho do Pai e do Filho. Lê-lo com o propósito de estudar a relação entre o Pai e o Filho é uma experiência de glória indescritível. Mais e mais vamos percebendo que mesmo sendo Um na ação, Eles se manifestam como duas Pessoas individuais, um fato que deixa os demônios arrasados! Vejamos a abertura deste Evangelho:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (João 1:1-5,14).
Um áureo texto bíblico é João 3:16-17: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.
Esta passagem se torna tão familiar aos nossos ouvidos que esquecemos de contemplar sua inexcedível beleza. Negar a exclusiva diferença entre o Pai e o Filho é loucura, enquanto separar a Sua perfeição na revelação é paganismo. Neste caso, nosso Deus é tão perfeitamente UM Deus, como Duas Pessoas distintas, na perfeição individual. É maravilhoso entender totalmente este glorioso mistério, o que deve se tornar o nosso alvo em relação à Sua majestade.
O Filho de Deus enfrentou muitas críticas ao falar de Sua unidade com o Pai. A multidão religiosa do Seu tempo não possuía qualquer discernimento espiritual para captar, na revelação, a Sua perfeição e a perfeição do Pai. Ela não queria aceitar mais de uma Pessoa em seu conceito de um só Deus. Vamos ler o próprio Cristo resolvendo essa questão, conforme João 8:15-18:
“Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo. E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou.” O testemunho de “dois” dado pelo próprio Cristo certamente encerra o debate.
Vamos ler mais algumas palavras eloquentes do Filho de Deus, conforme João 10:15, 17-18:
“Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas... Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”.
Sua Oração Intercessória em João 17 mostra um dos momentos mais emocionantes do Seu ministério na Terra. Cada palavra desta oração é de uma celestial beleza, com o Seu anseio de voltar à presença do Pai, conforme os versos 4 e 5:
“Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. Falar da glória anterior com o Pai, “antes que o mundo existisse”, certamente é uma confirmação de Sua eterna Divindade.
Em Hebreus 1:5-6; 8-10, o autor fala da relação do Pai com o Filho, dizendo:
“Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho? E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”...
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. E Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos”.
Os santos de Jesus são um povo abençoado. Nossa Redenção é inegável e imutável, segundo Colossenses 1:20:
“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”. Isso porque, segundo Colossenses 1:13-14, “[Deus] nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”.
“Nascer de novo” não significa se tornar religioso, mas ser transformado. Não devemos apenas conhecer o Pai e o Filho, mas também ter com Eles um relacionamento pacífico e santo. Nossas palavras, por melhores que sejam, não passam de refugo, quando tentamos falar do amor do Pai e do Filho.
Os cristãos nascidos de novo vivem em função de um Reino futuro. Eles vivem neste mundo, mas não abusam dele. Nossa cidade está no céu (Efésios 2:19). O caráter de um santo de Deus já não é modelado pelas palavras humanas, pois ele está ansiando pela cidadania celestial.
Viver em função do Pai e do Filho, segundo os ensinos de Sua Palavra, é a melhor coisa que se pode gozar neste mundo. [Somos inteiramente livres, no poder do Espírito Santo que em nós habita, para fazer tudo que desejamos, conforme nossa mente tiver sido modelada pela Sua Palavra].
Por enquanto, vivamos piedosamente neste mundo, com os olhos fitos numa pátria, onde resplandecem as estrelas eternas.